sábado, 25 de agosto de 2012

Velas - Luz e Espírito.

O tempo foi passando, noites de sucedendo, e o hábito se manteve. A reunião em torno da fogueira, além de estreitar os laços entre as pessoas, provoca reflexões, traz à tona sentimentos íntimos e profundos, gera uma aproximação com o que há de misterioso na natureza. Se estivermos sós diante do fogo, esses sentimentos se tornam ainda mais intensos. Daí a forte ligação com o plano espiritual. Na vela, a chama se estende em direção ao céu e se nos concentrarmos nessa imagem, podemos alcançar um estado de grande relaxamento. Solitários ou em grupo, essa é uma boa situação para fazermos uma prece, meditarmos, sentirmos a forca do espírito em toda a sua expressão.
O fogo sempre esteve presente também nas grandes celebrações. Sobretudo nas religiosas. Em torno do fogo, os druidas celebravam colheitas e solstícios e equinócios. As “bruxas” exerciam sua magia com ou sem caldeirão. Ainda exercem. Num ritual de magia, uma vela pode substituir a fogueira que fica no centro do circulo de poder do mago, que o utiliza para fazer ativação de energias, criar proteção e defesas para cortar aquilo que não e desejado. Os povos indígenas se conectam com os espíritos da natureza, sem falar nas tribos africanas e etnias árabes e asiáticas. Nas religiões ditas mais “convencionais”, o fogo e as velas também exercem seu papel. Na maçonaria há até quem questione a substituição de velas por lâmpadas em determinados rituais, alegando que assim, além de estarem sendo desvirtuados, perdem o seu poder e significado. Nos altares cristãos e judaicos, as velas também têm seu lugar. Na Igreja Católica, o fogo está presente em muitas celebrações. A vela tem destaque especial no círio pascal, por exemplo, no  Sábado de Aleluia (Véspera do Domingo de Páscoa). A palavra círio vem do latim Cereus, cera. Toda celebração é feita de noite e começa com as luzes apagadas. Na procissão de entrada da vigília, Cristo é assim aclamado, três vezes: “Luz de Cristo. Demos Graças a Deus”. O sacerdote benze a vela: “Aceita, Pai Santo, o sacrifício vespertino desta chama, que a Santa Igreja Te oferece na solene oferenda deste círio, trabalho das abelhas. Sabemos já o que anuncia esta coluna de fogo, ardendo em chama viva para glória de Deus... Rogamos-Te que este círio, consagrado a teu nome, para destruir a escuridão desta noite.” Ele, então, convida os fiéis a acenderem as suas velas na chama do círio: “Vinde, tomai luz a Luz sem ocaso e glorificai o Cristo que ressuscita dos mortos.” O círio pascal ficará aceso em todas as celebrações durante sete semanas até a tarde do domingo de Pentecostes.  

Tempestade Lunar

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