O tempo foi passando, noites de sucedendo, e o hábito se
manteve. A reunião em torno da fogueira, além de estreitar os laços entre as
pessoas, provoca reflexões, traz à tona sentimentos íntimos e profundos, gera
uma aproximação com o que há de misterioso na natureza. Se estivermos sós
diante do fogo, esses sentimentos se tornam ainda mais intensos. Daí a forte ligação
com o plano espiritual. Na vela, a chama se estende em direção ao céu e se nos
concentrarmos nessa imagem, podemos alcançar um estado de grande relaxamento. Solitários
ou em grupo, essa é uma boa situação para fazermos uma prece, meditarmos,
sentirmos a forca do espírito em toda a sua expressão.
O fogo sempre esteve presente também nas grandes celebrações.
Sobretudo nas religiosas. Em torno do fogo, os druidas celebravam colheitas e solstícios
e equinócios. As “bruxas” exerciam sua magia com ou sem caldeirão. Ainda exercem.
Num ritual de magia, uma vela pode substituir a fogueira que fica no centro do circulo
de poder do mago, que o utiliza para fazer ativação de energias, criar proteção
e defesas para cortar aquilo que não e desejado. Os povos indígenas se conectam
com os espíritos da natureza, sem falar nas tribos africanas e etnias árabes e asiáticas.
Nas religiões ditas mais “convencionais”, o fogo e as velas também exercem seu
papel. Na maçonaria há até quem questione a substituição de velas por lâmpadas em
determinados rituais, alegando que assim, além de estarem sendo desvirtuados,
perdem o seu poder e significado. Nos altares cristãos e judaicos, as velas
também têm seu lugar. Na Igreja Católica, o fogo está presente em muitas celebrações.
A vela tem destaque especial no círio pascal, por exemplo, no Sábado de Aleluia (Véspera do Domingo de
Páscoa). A palavra círio vem do latim Cereus,
cera. Toda celebração é feita de noite e começa com as luzes apagadas. Na procissão
de entrada da vigília, Cristo é assim aclamado, três vezes: “Luz de Cristo.
Demos Graças a Deus”. O sacerdote benze a vela: “Aceita, Pai Santo, o sacrifício
vespertino desta chama, que a Santa Igreja Te oferece na solene oferenda deste círio,
trabalho das abelhas. Sabemos já o que anuncia esta coluna de fogo, ardendo em
chama viva para glória de Deus... Rogamos-Te que este círio, consagrado a teu
nome, para destruir a escuridão desta noite.” Ele, então, convida os fiéis a
acenderem as suas velas na chama do círio: “Vinde, tomai luz a Luz sem ocaso e
glorificai o Cristo que ressuscita dos mortos.” O círio pascal ficará aceso em
todas as celebrações durante sete semanas até a tarde do domingo de Pentecostes.
Tempestade Lunar
Marcadores: Bem estar