Esta dança é conhecida como sendo uma dança ritualística do povo berbere árabes, mais precisamente dos Tuaregues (conhecidos como povo azul). Sua origem remonta de tempos pré-islâmicos.
O ritmo GUEDRA, é marcado pelo canto e palmas tendo unicamente como instrumento o tambor, sendo a dança executada somente por mulheres cobertas com um véu preto que é a representatividade da escuridão do espaço (Universo). As mãos se direcionam para os pontos cardeais imitando os quatro elementos e também lembrando o tempo (passado,presente e futuro). Os movimentos corporais vão mostrando o ritmo e a ordem do Universo a nós, suas criaturas.
(VÍCTOR-M. AMELA a: MOUSSA AG ASSARID)
— Não sei minha idade. Nasci no Deserto do Saara, sem documentos.
— Nasci em um acampamento dos nômades tuaregs entre Timbuctu e Gao, ao norte de Mali, Fui pastor de camelos, cabras, cordeiros e vacas de meu pai. Hoje estudo gestão na Universidade de Montpellier.
Estou solteiro. Defendo aos pastores tuaregs.
Sou muçulmano, sem fanatismo.
* Que turbante tão formoso!
— É uma fina tela de algodão: permite tapar o rosto no deserto, e continuar a ver e respirar através dele.
* É de um azul belíssimo…
— Nós, os tuaregs, somos chamados de homens azuis por isso:
— O tecido solta alguma tinta e nossa pele adquire tons azulados
* Como conseguem esse tom de azul anil?
— Com uma planta chamada índigo, mesclada com outros pigmentos naturais. Para os tuaregs o azul é a cor do mundo.
— É a cor dominante: é a cor do céu, do teto de nossa casa.
*Quem são os tuaregs?
—Tuareg significa “abandonados”, porque somos um velho povo nômade do deserto, solitários e orgulhosos: “Senhores do Deserto, é como nos chamam. Nossa etnia é a amasigh (bereber), e o nosso alfabeto, o tifinagh.
*Quantos são?
— Uns três milhões, e a maioria permanece nômade.
Mas a população diminue. “É preciso que um povo desapareça, para que saibamos que ele existiu!” Apregoava um sábio. Eu luto para preservar esse povo.
* A que se dedicam?
— Pastoremos rebanhos de camelos, cabras, cordeiros, vacas e asnos num reino de imensidão e de silêncio
* O deserto é realmente tão silencioso?
—Quando se está sozinho naquele silêncio, ouve-se o batimento do próprio coração. Não há lugar melhor para se estar sozinho.
* Quais recordações de sua infância você conserva com maior nitidez?
— Desperto com a luz do sol e ali estão as cabras de meu pai. Elas nos dão leite e carne, nós a levamos onde há água e pasto… Assim fizeram meu bizavô, meu avô e meu pai… e eu.
- Não havia outra coisa no mundo além disso. E eu era muito feliz com isso.
*De fato! Não parece muito estimulante…
— Mas é muito! Aos sete anos já te deixam afastar-se do acampamento para que aprendas coisas importantes: farejar o ar, escutar, apurar a vista, orientar-se pelo sol e as estrelas… E a deixar-se levar pelo camelo, se você se perder. Ele te levará onde há água.
— Saber isso é valioso, sem dúvida…
— Ali tudo é simples e profundo. Existem muito poucas coisas. E cada uma tem um enorme valor!
— Ali cada pequena coisa te proporciona felicidade.
Cada toque é valorizado. Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos e estarmos juntos. Ali ninguém sonha com chegar a ser, porque cada um já o é!
*O que mais o chocou em sua primeira viagem à Europa?
— Ver as pessoas correndo pelo aeroporto. No deserto só se corre quando vem uma tempestade de areia. Me assustei. É claro!
- Sim! Era isso. Também vi cartazes de mulheres nuas. Me perguntei: porque essa falta de respeito para com a mulher?
Depois, no Íbis Hotel, vi a primeira torneira da minha vida, vi a água correndo e senti vontade de chorar…
- Que abundância! Que desperdício! Não?
- Todos os dias da minha vida consistiam-se em procurar água.
Quando vejo as fontes ornamentais aquí e acolá, continuo sentindo por dentro uma dor tão intensa…
*Tanto assim?
— Sim! No começo dos anos 90 houve uma grande seca. Morreram os animais e nós adoecemos. Eu tinha uns 12 anos e minha mãe morreu. Ela era tudo para mim! Me contava histórias e ensinou-me a contá-las muito bem. Ela me ensinou a ser eu mesmo.
* O que sucedeu com sua família?
— Convenci meu pai que me deixasse ir à escola. Quase todo dia caminhava 15km. Até que um dia o professor me arranjou um lugar para dormir e uma senhora me dava o que comer, quando eu passava em frente à sua casa.
Entendi que essa ajuda vinha de minha mãe.
Uns dois anos antes, havia passado pelo nosso acampamento o rally Paris-Dakar, e uma jornalista deixou cair um livro de sua mochila. Eu o apanhei e lhe entreguei. Ela me deu o mesmo de presente. Era um exemplar do Pequeno Príncipe e eu me prometi que um dia conseguiria lê-lo.
* E conseguiu.
— Sim! Foi assim que consegui uma bolsa de estudos na França.
* Um Tuareg na universidade!
Ah, o que mais sinto falta aqui é o leite de camela... E o calor da fogueira, e de andar com os pés descalços na areia quente.
Lá nós olhamos as estrelas todas as noites e cada estrela é diferente das outras como cada cabra é diferente.
- Sim! E o que vc acha pior aqui?
- Vocês tem tudo, mas não acham suficiente. Vocês se queixam.
Na França passam a vida reclamando! Aprisionam-se pelo resto da vida à uma dívida bancária, num desejo de possuir tudo rapidamente ...
No deserto não há congestionamentos. e você sabe por quê?
Porque lá ninguém quer ultrapassar ninguém!
* Conte-me um momento de extrema felicidade no seu deserto distante.
- Todo dia, duas horas antes do pôr do sol: a temperatura abaixa, mas ainda não chegou o frio, e os homens e os animais, lentamente voltam para o acampamento e seus perfis são recortados em um céu cor de rosa, azul, vermelho, amarelo, verde...
Fascinante, na verdade...
É um momento mágico ...
Entramos todos na cabana e colocamos o chá para ferver.
Sentamo-nos em silêncio, a ouvir a ebulição ...
A calma invade todos nós, e o nosso coração bate ao ritmo
Do barulho da fervura...
… lá temos tempo.
- VOCÊ TEM O RELÓGIO, EU TENHO O TEMPO!
- NA NOSSA VIDA O TEMPO NÃO DEVE SER APENAS O MARCADO NO RELÓGIO.
- QUANTAS VEZES NOS NOSSOS DIAS NOS FALTA “O TEMPO”?
- O tempo é como um rio.
- Você não pode tocar a mesma água duas vezes,
- Porque a água que passou, não passará de novo.
- Aproveite cada momento da vida...
- ENCONTRE TEMPO PARA VIVER.
- Se você vive dizendo como você está ocupado, então você nunca estará livre.
- Se você vive dizendo que você não tem tempo, então você nunca terá tempo.
- Se você vive dizendo o que vai fazer amanhã, esse amanhã nunca chegará.
- Aproveite cada momento da vida ...
- Se você não usar o seu tempo durante o dia, você é o perdedor.
- É impossível voltar atrás.
- Valorize cada momento vivido, e esse tesouro terá muito mais valor se você compartilhá-lo com alguém especial, especial o suficiente para você gastar com ele o seu tempo...
- e lembre-se que o tempo não espera por ninguém
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