domingo, 12 de fevereiro de 2012

Símbolos Celtas - ult. parte

Os símbolos sempre exerceram um enorme fascínio sob o nosso subconsciente, revelando mistérios guardados na alma e no coração, por vezes, adormecidos pelas brumas do tempo e que nem sempre conseguimos explicar com simples palavras.
A maioria dos símbolos celtas como a roda, as espirais e suas variantes, conhecidas como os nomes de triskelion, triskle, triskele, triqueta ou threefold, reconhecidamente, são representações solares que aparecem em muitas culturas antigas, esculpidas em rochas ou metais.
"O Sol foi representado pelo símbolo da roda. A força solar se manifesta como uma divindade antropomórfica que, no entanto, manteve o seu motivo de roda original para representar o Sol se movendo pelo céu. O espírito do Sol foi capaz de criar e destruir a vida." Animals in Celtic Life and Myth - Miranda Jane Aldhouse Green.
Alguns desses símbolos remontam há mais de 3000 a.C. e podem ser visto em monumentos pré-históricos e em sítios arqueológicos como em Newgrange, no Condado de County Meath na Irlanda.
A Cruz Solar Celta
A cruz dentro de um círculo ou uma roda, conhecida como cruz solar, foi considerada como um símbolo sagrado que representava o Sol desde os tempos pré-cristãos. Os antigos viam o tempo como uma roda, um círculo sem começo e nem fim.
O círculo e a cruz são símbolos universais de antigas culturas do mundo. Para os celtas o círculo significa o infinito e a cruz, ao se estender para os lados, simboliza os Quatro Grandes Festivais: Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh.
No folclore irlandês a Cruz Solar é associada à Brighid, conhecida também como "Cruz de Brighid". Na Irlanda é comum confeccioná-la em palha de trigo ou junco. Este antigo costume é derivado de uma cerimônia pré-cristã, relacionada com a preparação das sementes na primavera.
A cruz e outros símbolos celtas, assim como os nós celtas (entrelaçamentos), podem ser encontrados em peças de uso pessoal e até mesmo em armas de guerra, possivelmente com o propósito de se obter boa sorte, proteção e vitória. Os celtas acreditavam que o centro da roda era o local, onde o céu e a terra se encontram, ou seja, o lugar onde a alma alcançaria a iluminação... A eterna conexão entre o divino e o profano!"Imagens dos deuses na Gália podem ser classificadas por meio de seus símbolos, o malho (martelo de forja de cabo longo com cabeça de metal para bater no ferro) e a taça (símbolo da fartura), o martelo, a roda, a cornucópia e o torque usado por Cernunnos.
Outros símbolos ocorrem em imagens, altares, monumentos e moedas, mas sem qualquer texto antigo para interpretar esses diferentes símbolos, todas as explicações são possíveis conjecturas." A Religião dos Antigos Celtas - J.A. Macculloch.Animais Sagrados CeltasA cada conto, mito ou lenda, descobrirmos como a simbologia animal é muito forte entre os povos celtas. Os animais representam partes inconscientes de um poder mágico que nos revela qualidades sobrenaturais, possibilitando a comunicação entre os mundos. Os celtas, como animistas, acreditavam que todos os aspectos do mundo natural eram dotados de espíritos e entidades divinas, com as quais todos os seres humanos poderiam estabelecer contato.
No conto de "Culhwch e Olwen" há várias passagens que nos permitem observar como os animais míticos são consultados e, ao mesmo tempo, como eles carregam em si qualidades protetoras e amigáveis, atuando como emissários dos Deuses que, em certas ocasiões, também podem se transformar em animais.Os cães, por exemplo, citados também no conto de "Oisín e Niamh", geralmente, estão associados à proteção, à caça e às provas sobrenaturais. Oisín relata o seu espanto ao perceber que os animais do Outro Mundo se aproximavam dele com naturalidade, demonstrando a estreita relação entre os animais, os homens e os Deuses. O cão também é associado à CuChulainn.
A integração entre os mundos está presente na figura do cavalo branco que simboliza o transporte para Tir na nÓg. Os cavalos têm um valor inestimável para os celtas, seja na guerra ou como um meio de locomoção para o Outro Mundo.
Tanto os animais domésticos como os selvagens, estão ligados à fertilidade, à vitalidade, à força, ao movimento e ao crescimento, fornecendo condições necessárias à subsistência de toda a tribo através da sua carne, peles e ossos. Representam também uma forte conexão entre a terra e os céus, ligados a vários Deuses, promovendo a busca de segredos e de sabedoria ancestral. Cada animal possui um atributo específico; suas características são associadas a algum tipo de habilidade e dignos de veneração através de um ritual ou uma cerimônia religiosa. As aves estão sob os domínios do céu e são percebidas como um elo entre os vivos e os espíritos ancestrais. Elas podem tanto ser o mensageiro como a própria mensagem, carregando em si um teor mágico, profético ou divinatório.
O javali e os porcos representam coragem, bravura, proteção e riqueza.
Os peixes, especialmente o salmão, estão associados à sabedoria e ao conhecimento. Diz a lenda que o salmão adquiriu esse conhecimento ao comer nove avelãs que caíram no poço da sabedoria de nove árvores, que ficavam ao redor da fonte sagrada e a primeira pessoa que comesse sua carne fresca, ganharia todo esse conhecimento. Foi assim que Fionn Mac Cumhaill, pai de Oisín, recebeu seu conhecimento, após sete anos tentando pescar o Salmão do Conhecimento, nos contos do Ciclo Feniano.
O veado é um animal reverenciado e perseguido ao mesmo tempo, às vezes, considerado como emissário divino e, em outras ocasiões, como Deuses transformados em animais, principalmente Cernunnos, o Senhor dos animais, da natureza e da abundância, retratados no Caldeirão Gundestrup, um antigo artefato de prata, ricamente decorado em alto relevo, encontrado da Dinamarca. O Caldeirão de Gundestrup, datado do século 1 a.C. , pertence ao final do período de La Tène. Ele foi encontrado em 1891 em um pântano perto da aldeia de Gundestrup, na Jutlândia – Dinamarca e está alojado no Museu Nacional de Copenhague.Enfim, há uma infinidade de animais descritos nos contos e nos mitos celtas que nos levam a uma profunda ligação com a natureza, descritos empiricamente na iconografia ou nos símbolos celtas, que reforçam o respeito entre o mundo natural e o sobrenatural, além da conscientização de toda a sua sacralidade... Awen!

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