Um dia, me perguntaram como é ser mulher nos dias de hoje e eu respondi que ser mulher é aprender.
Percebi que a minha resposta não tinha sido tão clara e satisfatória.
Tentei me explicar e disse, orgulhosamente, que ao longo de muitos anos a mulher aprendeu a não mais andar de joelho curvado e de cabeça baixa.... Aprendeu a levantar sozinha e a enxugar as próprias lágrimas.
Ela percebeu que podia ser muito mais do que as pessoas lhe diziam.
Aprendeu a tirar a roupa e a se mostrar sem medo e percebeu que também sentia desejos e que gostava de senti-los.
E, andando com as próprias pernas, ela entendeu que havia espaço suficiente para ela em qualquer lugar e decidiu ocupá-los.
Ela não se intimidou com o longo caminho que iria percorrer para fazer com que os outros entendessem que ela tinha direito aos direitos que lhe cabiam.
E ela, na sua magnífica força e coragem, aprendeu a ser livre, a gritar quando tem vontade, a chorar quando precisar chorar e a sorrir mesmo quando a situação não permitir sorrir.
Mas, acima de tudo, aprendeu a ser forte.De calça comprida, salto alto, com rosto pintado e cabelos escovados.
Ela aprendeu a ser muito mais do que uma mulher vaidosa.Aprendeu a ser idealista, determinada e precisa.Aprendeu a falar alto quando necessário.
Mas não foi só isso. Ela aprendeu muito mais...
Aprendeu com a vida, com a situação, com a dor (a não ser apenas uma reprodutora e esposa).
Aprendeu que ela é uma parte importante na história, alguém que poderia ultrapassar, com ousadia e coragem, os limites da hierarquia.
Ela ensinou aos outros a terem respeito pela sua luta e alguns assim entenderam, outros não.
Ela aprendeu a tomar conta de si mesma, a tomar decisões e a não ter medo de dizer: "Eu posso".
Aprendeu que não se deve ter vergonha do sexo, nem de dizer que gosta de sexo.
Aprendeu a tomar iniciativa e a dizer "não" quando necessário.
E percebeu que pode se prevenir e decidir a hora certa de ser mãe sem ser pressionada.
E, perante os olhos intimadores dos homens e de tamanha curiosidade, ela levantou a cabeça e mostrou que não era uma boneca de porcelana, mas que podia ser quebrada várias vezes e que sempre conseguia se juntar sem perder nenhum dos pedaços.
Isso é ser mulher!
Tempestade Lunar
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