Esse texto também é
para você, homem.
Psicóloga e Neuropsicóloga
Mestre em Ciências da Religião pela
PUC-SP
E-mail: be_carunchio@yahoo.com.brBlog A Rosa
dos Ventos
Menstruação, o quanto você
sabe?
por Bia F. Carunchio
Menstruei aos 12 anos. Assim, em casa, numa tarde chuvosa depois da escola.
Minha mãe reagiu me dando os parabéns e dizendo que a partir daquele dia eu era
uma mulher forte que podia fazer qualquer coisa Tão forte que poderia até mesmo
criar outra vida em meu próprio corpo. Fiquei mega animada! Eu não via a hora de
menstruar! No dia seguinte fui contar para as amigas, e uma delas, pouco mais
velha, interrompeu assustada. “Cala essa boca, os meninos vão ouvir e eles não
podem saber desses assuntos!” E segurou meu braço e me arrastou para o
banheiro. E junto vieram as outras meninas. Mas me enganei quando pensei que
podia contar minha novidade. Porque, para a minha surpresa, as garotas “maiores”
que eu tanto admirava falavam por códigos, mesmo na privacidade do banheiro
feminino da escola. Esses assuntos, coisas de mulher, aqueles dias… e
mais uma porção de códigos para não dizer menstruação.
Hoje, olhando para trás, ainda hoje fico surpresa com os pudores em discutir
o tema entre as próprias adolescentes (e olha que minha experiência nem
aconteceu há tanto tempo assim, foi bem no finzinho dos anos 90, o mundo já era
“liberal”!). Aliás, fico ainda mais surpresa quando conto sobre isso a amigas ou
quando trago à tona o tema “menstruação” e a maioria olha com uma mistura de
susto e nojo que sempre me faz sentir quase um peixe fora d’água. Falar sobre um
tema (qualquer tema), é uma forma de torná-lo parte da nossa realidade. Através
das palavras, nos apropriamos de algo, como se a gente dissesse “de alguma forma
isso faz parte de mim e da minha realidade”. Por que não podemos falar? E por
que quando falamos temos de usar outros nomes? A maioria dos psicólogos concorda
que sempre que se usa uma metáfora ou outro nome para falar de algo, é porque a
coisa sobre o que se fala gera tensões e conflitos. Há mesmo necessidade desse
excesso de pudores em 2013?
Como curiosidade e também como parte de um projeto em que estou trabalhando,
coletei alguns dos nomes usados para falar sobre menstruação, e alguns deles me
deixaram horrorizada. Não só porque os nomes que usamos têm relação com a forma
como lidamos com a menstruação e o feminino, mas também porque são as palavras
que constroem nosso mundo (sim, como “palavras mágicas”), e fica a dúvida, o que
estamos fazendo com a nossa realidade e com nós mesmos? Confiram alguns dos
nomes, que separei pela forma como interpreto:
- Nomes que geram dores e desconfortos (notem que são muito usados por
mulheres que se queixam de cólicas e outros sintomas): incômodo, castigo,
sangria, a derrota, estar com um machucado, estar doente, estar
nervosa/estressada, não estar nos melhores dias, “o período crítico do mês”
(porque todos os outros períodos do mês são fáceis e alegres o tempo todo…), a
maldição/a maldita, a praga, estar indisposta…
- Nomes que desqualificam o feminino, afastando a mulher do poder que tem
sobre si mesma: aqueles dias (qualquer semelhança com as campanhas
publicitárias e o discurso alienante da grande mídia NÃO é mera coincidência),
estar impura, receber uma visita, receber a visita da sogra (confesso que ri),
mOnstruação, estar no vermelho, sinal vermelho, regras, estar impossibilitada,
estar soltando tinta, fechada para balanço, estar interditada, estar de
fraldinha (um bebê incapaz de fazer suas escolhas?), bandeira vermelha, estar
fora de uso (para mim, o mais chocante).
Acho importante contar que todos esses nomes usados para falar de menstruação
foram ditos por mulheres. Quando tentei fazer a mesma pesquisa com homens, a
maioria apenas riu e não quis dizer nada. Gente, que realidade é esta que
estamos construindo? Por que a condição da mulher precisa ser assim? Ou é algo
alienante (reparem nas propagandas de absorventes. O maior apelo é esconder o
nosso ciclo! Tudo muito discreto e limpinho); ou então, dores e mais dores.
“Mulher sofre”, é o que dizem. Claro que “só” mudar o nome que damos à
menstruação não resolve todos os nossos problemas, mas é um ótimo começo para
quebrar preconceitos e tabus, inclusive os nossos próprios. E, acreditem, temos
muitos!
Olhando para as mitologias numa perspectiva histórica, podemos perceber as
transformações na mentalidade dos grupos humanos que nos levaram a pensar sobre
questões como a menstruação da forma como fazemos hoje. Por que olhar para os
mitos e não para a história concreta? Porque se queremos saber sobre a
mentalidade, temos que olhar como as pessoas pensavam e como viam a realidade, e
isso se reflete com clareza nas religiões e mitos.
- 20 mil a 8 mil anos a.C., temos a mitologia animal. O ser humano era nômade
e vivia da caça e coleta. Assim, cultuar deuses com formas de animais era uma
forma de honrar os animais que deram suas vidas pela sobrevivência da tribo,
tornando a caça algo sagrado para o grupo. Também eram comuns nessa época os
totens. Não confundir com civilizações como a egípcia, cujos deuses mesclam
partes humanas e animais. Isso provavelmente é um resquício de grupos
anteriores, pois os egípcios não eram nômades e nem dependiam apenas da caça e
coleta para sobreviver.
- 8 a 4 mil a.C.,
passou-se a viver em pequenas aldeias rurais. Assim, as pessoas dependiam da
fertilidade da terra para viver. Surgem as deusas, em especial deusas mães,
deusas das colheitas, dos campos, das águas, das estações… A terra
passa a ser associada à mulher: ambas podem gerar vida! A terra passa a ser
vista como a mãe que nos alimenta, nos protegendo na vida e nos acolhendo na
morte. A menstruação ganha destaque, passa a ser visto como algo sagrado, como
um sinal de que a mulher que menstrua é tão fértil quanto a terra e as deusas.
Os rituais passam a focar elementos que garantem a fertilidade e a continuidade
da vida. Também surgem as celebrações de ciclos (plantio e colheita, estações do
ano, fases da lua, fases da vida, ciclo da mulher…)
- 4 mil a.C. em diante, surgem as sociedades patriarcais. Os mitos começam a
ser escritos, assim como as leis, os “mandamentos”, os conhecimentos de cada
povo… Surgem ou ganham força as chamadas “grandes civilizações” e, com elas, as
relações políticas. Entram em evidência a luta pela conquista (de terras, de
escravos, de outros povos…) e os jogos políticos. O foco passa a ser o masculino
e o homem passa a ser uma espécie de “ser humano padrão”. A mulher, por outro
lado, passa a ser “demonizada”, sobretudo a mulher forte, que luta para se impor
e ser reconhecida com igualdade. Muitas das deusas clássicas são interpretações
que os povos desse período (entre outros, gregos e romanos) deram a deusas de
povos matriarcais. Gaia deixou de ser uma das maiores deusas de povos mais
antigos, que atuava no Oráculo de Delfos, para se tornar apenas a terra. Zeus se
tornou líder com seus raios, e Apolo “herdou” o Oráculo. Outro exemplo é Hera,
que deixou de ser a grande rainha, uma líder muito respeitada e digna, para ser
reconhecida apenas como a esposa ciumenta (e traída) de Zeus. Nesse processo de
mudança, as sociedades foram se tornando cada vez mais complexas e burocráticas,
restando cada vez menos espaço para os valores tradicionalmente associados ao
feminino. A visão da realidade e da vida como um conjunto de ciclos deu lugar a
um tempo linear e horizontal, que isola o ser humano do seu passado, de sua
história e de seus ciclos.
Hoje em dia, no entanto, a situação começa a mudar mais uma vez. O mundo é
feito de ciclos. Ideias e valores ligados ao sagrado feminino ganham força em
diversos planos da sociedade. Nas religiões, destacam-se movimentos religiosos
voltados para o culto a deusas (como diversos ramos do paganismo). Aliás,
podemos ver isso mesmo em religiões mais masculinas, como no cristianismo, em
que Nossa Senhora ganha destaque e muitos devotos. Na esfera sociopolítica,
surgem e se fortalecem alianças entre governos e empresas, o incentivo da
amizade entre os povos, começa a existir a preocupação com a preservação de
tradições culturais… Sem falar nas lutas por respeito e pelos direitos das
minorias, movimentos pela paz, pela preservação da natureza e pela ecologia…
Também na vida individual se percebe esse movimento de retorno a valores típicos
do sagrado feminino. Se, por exemplo, nos anos 80 o que importava era construir
uma carreira profissional brilhante e ocupar cargos mais altos nas empresas,
hoje vemos também a preocupação com o lado das relações, dos momentos agradáveis
entre familiares e amigos, que o filósofo contemporâneo Jurgen Habermas chama de
“mundo da vida” (o mundo das relações tranquilas e não burocráticas, em que
podemos “apenas” ser a gente mesmo). Note como até mesmo as construções mais
atuais são projetadas com diversos espaços que promovam a convivência entre as
pessoas. É nesse mundo da vida, fora de toda a burocracia e de toda aquela coisa
formal que as relações acontecem. E se vamos pensar em sagrado feminino, essas
relações amigáveis e sem hierarquias rígidas são muito importantes, pois é nelas
que a vida acontece e os ciclos se revelam.
Mas e a menstruação? E as mulheres? As mulheres estão no meio de todo esse
processo. E continuaram e continuam menstruando, engravidando, parindo e
passando pela menopausa durante todos esses milênios. Mas dá para notar que a
maneira como passaram por isso mudou muito ao longo da história. A mulher de
hoje acumula muitas funções, e é cobrada que se saia com perfeição em cada uma
delas. Tem que ser a mãe amorosa e cuidadosa que nunca perde a paciência, a
profissional de destaque na área em que trabalha, a dona de casa eficiente, a
esposa doce e amorosa, a amante vigorosa, a amiga que está sempre lá para nós…
ah! E ai dela se não terminar o dia linda e perfeita! E maquiada. E magra. E
sorrindo.
Não é de admirar o aumento absurdo de queixas ligadas ao ciclo menstrual.
Como psicóloga costumo dizer, sempre que não damos a devida atenção a uma parte
nossa, essa parte grita por ajuda. E com o ciclo menstrual não é diferente, pois
ele é parte de quem somos, a forma como lidamos com o nosso ciclo indica a forma
como lidamos com o nosso corpo e com a nossa sexualidade. No popular: se nem com
a gente mesma nós lidamos bem, como esperamos que nossos relacionamentos sejam
legais? Não dá…
Mas depois de falar tudo
isso, como podemos lidar bem com a menstruação? Meninas (e meninos também, por
que não?) leiam com atenção: o primeiro passo é entender de uma vez por todas
que a menstruação é parte de quem somos, é parte do ser humano e dos nossos
ciclos. Não é nojento. O sangue menstrual é o mesmo sangue que corre em nossas
veias. Por que um corte no dedo não é nojento (tem pessoas que até lambem!) e a
menstruação é? Antes a menstruação era símbolo de poder. O pó mágico das bruxas
muitas vezes era sangue menstrual seco e reduzido a pó. Sacerdotisas de diversos
povos costumavam mesclar uma gota de suas menstruações ao vinho e bebê-lo com
seu grupo de sacerdócio, para que na encarnação seguinte voltassem a se
encontrar. Assim que o ser humano passou a criar ritos funerários para seus
mortos (o que marca o início da religiosidade, com a ideia de que, se havia
rito, na certa havia crenças ao redor desse rito), era frequente que se untasse
o cadáver com sangue menstrual. Do útero da mãe ao útero da
mãe-Terra. O que há de nojento num símbolo tão bonito e libertador? Transformar
a menstruação em algo nojento foi um golpe baixíssimo. Sem os nossos ciclos
perdemos a noção de história e de futuro, vivemos um eterno presente onde nada
faz sentido.
Mas voltando à nossa proposta, seguem algumas sugestões de “novas” formas de
lidar com o feminino. Muitas dessas ideias são direcionadas mais às mulheres
(como o diário menstrual), mas eu gostaria muito que os homens também lessem.
Ficaria muito satisfeita de ver homens envolvidos com este tema e refletindo
aqui conosco. Masculino e feminino são lados que todos nós temos, independente
do sexo, gênero, orientação sexual, etc. Ah, e quero deixar claro que são apenas
sugestões. Você pode (e deve!) alterar o que achar necessário, o mais importante
é se sentir confortável com as atividades propostas e respeitar o seu
momento.
1- Lembre-se de como foi a sua primeira menstruação. Como você reagiu?
Como outras pessoas reagiram e como essa interação te marcou? Lembre, por
exemplo, dos comentários e ideias que te foram passados sobre sua nova condição
de mulher. Faça algo para representar esse momento (escrever sobre ele, contar a
uma amiga querida, fazer um desenho…). Para os homens, pode ser interessante
pensar sobre como você participou ou gostaria de participar da primeira
menstruação de meninas próximas (irmãs, filhas…).
2- Homens: como você lida com a menstruação de sua companheira? Isso diz
muito sobre como você lida com as mulheres que fazem parte da sua vida
(companheira, filha, mãe, irmã, amigas…).
3- Mulheres: criem o costume de conversar sobre suas menstruações e seus
ciclos. Experimentem conversar sobre este tema, trocar experiências e
pensamentos. Isso nos aproxima umas das outras de uma forma fraterna que faz
falta a muitas de nós no mundo de hoje, vamos nos conhecendo umas as outras e
nos reconhecendo nas vivências das colegas. Mas, principalmente, isso nos
aproxima de nós mesmas e do nosso próprio ciclo. Isso ajuda a gente a se
conhecer melhor, lembrem-se do que eu comentei no início, as palavras criam a
nossa realidade. Portanto, usem suas palavras sem medo e sem pudores, Criem uma
realidade saudável e agradável para vocês.
4- Outra para as mulheres: já repararam como muitas de nós conhecem
pouco o próprio corpo? Sabem muito muito sobre o que é a menstruação. Na minha
experiência clínica como psicóloga, muitas vezes meninas entrando na
adolescência (e até mulheres bem mais velhas) me perguntam coisas sobre o corpo
da mulher. Não, o absorvente interno não vai “se perder lá dentro”. Sim, algumas
vezes a nossa menstruação pode atrasar ou adiantar alguns dias, principalmente
em épocas de maior estresse e de emoções mais intensas. As mulheres não conhecem
seus corpos! E o pior, muitas nem sequer se interessam em conhecer! Uma
atividade interessante, que costumo sugerir às minhas pacientes quando temas
assim surgem, é pegar um espelhinho q colocar no chão. Então tire suas roupas e
se abaixe com os joelhos bem abertos, tendo o espelhinho entre seus pés. Explore
sua vagina. Esta é uma parte diferente do resto do nosso corpo, pois não estamos
acostumadas a vê-la e a cultura patriarcal não nos incentiva a conhecer.
Conheça. Sem medo e sem vergonha, ok? Este é um momento da sua intimidade que
pode sim ser vivido e desfrutado.
Deixei para o final a dica de que gosto mais, o diário de saúde, diário
menstrual ou ainda diário vermelho, como preferirem. Isso nada mais é do que um
caderninho onde anotamos todos os dias dados sobre o nosso ciclo e a nossa
saúde. Vou contar como organizo o meu. Outra vez, sintam-se livres para mudar o
que quiserem no de vocês. Cada uma tem suas necessidades, que se mostram a nós
conforme nos conhecemos melhor. Mas vamos ao diário! No meu eu costumo anotar
assim:
Data, fase da lua e dia do meu ciclo (lembrando que o dia 01 é o primeiro dia
de menstruação).
Dados de saúde física – Nessa parte entram sintomas (cólicas, dores,
alergias, etc.), medicamentos que você tomou nesse dia, algo diferente que você
comeu, práticas esportivas… Mas também dados mais sutis, como sentir mais frio
ou mais calor que de costume, qualidade do sono, cansaço, etc.
Mental – Dados como o seu
nível de concentração e atenção, criatividade, foco… Repare que em alguns dias
ficamos super aéreas, já em outros tudo flui e
temos mais foco nas nossas atividades do dia a dia.
Emocional – Como você está emocionalmente? Tristeza, alegria, animação,
ansiedade, raiva… Ou tudo isso junto e um pouco mais? Eu, pessoalmente, gosto de
escrever um pouquinho sobre o que mexeu com as minhas emoções, em especial
quando algo fora do comum acontece.
Espiritual – Dados e práticas espirituais (orações, meditações, participação
em rituais e celebrações, visitas a lugares sagrados, etc.). Uma religiosidade
equilibrada também conta para manter a saúde física e psicológica.
É interessante manter esse diário por pelo menos 6 meses. Acho bom mantê-lo
sempre. Ajuda no autoconhecimento e nos torna pessoas ativas nos cuidados com a
nossa saúde. Conforme passam os ciclos, descobrimos coisas curiosas sobre nós
mesmas. Provavelmente você passará a ver o seu ciclo de outra forma e a lidar
com ele de maneira mais harmoniosa. Talvez prefira começar a usar absorventes
reutilizáveis (de pano) ou um coletor menstrual, deixando de lado os
descartáveis e, com eles, a ideia de que nosso sangue é lixo…
Deixei para o finzinho do artigo uma visão mais libertadora da menstruação.
Lembram da pesquisa que fiz sobre os nomes que as mulheres dão à menstruação?
Inconformada, fui atrás de nomes mais felizes… e encontrei! Na China antiga, a
menstruação era chamada de “águas sagradas”. Já em outros povos, é feita uma
associação com a lua: os nativos norte-americanos dizem que a mulher que
menstrua tem o seu “tempo de lua”, já no Congo, enquanto menstrua a mulher é
“abençoada pela lua”. Acho que muitos de vocês já ouviram falar da associação
que muitos povos fazem entre a lua e a mulher (na grande maioria dos povos,
deusas personificam a lua, e não deuses). A lua tem ciclos e fases como a
mulher. E esses ciclos e fases atuam sobre a vida na terra, as marés são um
exemplo claro disso. Então, se pensamos a lua como uma mulher, podemos imaginar
a lua cheia como a fase fértil do ciclo (lembrando, a fase fértil do nosso ciclo
menstrual é a metade do nosso ciclo). Assim, a fase da lua escura seria os dias
anteriores à menstruação, o período pré-menstrual. Época em que se manifestam as
sombras… Para a psicologia, a sombra é aquele lado nosso que fica “escondido” no
nosso inconsciente. Na nossa sombra podem existir conflitos, medos e raiva… Mas
entre eles também podemos encontrar lados nossos e até talentos que não
conhecíamos. É saudável deixar a nossa sombra aparecer, trazê-la para a luz. Ela
pode se revelar nos nossos sonhos e sintomas. E, no caso das mulheres, no nosso
período pré-menstrual, quando a “nossa lua” está escura. Como é o seu período
pré-menstrual? Sente mais as tensões e pressões do dia a dia? Ou costuma ficar
mais forte e confiante? Talvez mais sociável, mais sensível… O que está na sua
sombra? Uma boa olhada no seu diário menstrual pode ajudar muito a descobrir
isso e a trazer esses conteúdos seus para o consciente, isto é, conhecê-los e
aceitar que são parte de nós.
Mais uma coisinha… Prestem atenção aos seus sonhos, meninas! Eles mudam ao
longo do nosso ciclo. Na maior parte do ciclo, aparecem nos nossos sonhos os
símbolos da “deusa branca”. Símbolos de fertilidade, sobre o tornar-se mulher e
sobre ciclos. Mas durante o período menstrual e pré-menstrual aparecem bastante
os símbolos da “deusa escura”, ligados à morte, destruição, águas
escuras/escuridão… enfim, são símbolos ligados ao fim de um ciclo, que precisa
terminar para que o próximo possa começar. Os símbolos do sagrado feminino
geralmente não são o tema central do sonho, mas quase sempre estão escondidos no
cenário, nas situações e até em palavras, basta saber procurar. Esses símbolos
dos nossos sonhos contam muito sobre como anda o nosso interior.
Com atividades simples
como o diário menstrual, recuperamos o contato com o nosso ciclo, pois nos
envolvemos com ele. Aliás, além do contato, tomamos consciência, nos apropriamos
do nosso ciclo e tomamos em nossas mãos o poder que temos sobre nós mesmos. E
esse poder
nada nem ninguém nos tira.
Bia F. Carunchio
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